Durante a leituro do livro "Quando Nietzsche Chorou" fiz várias anotaçoes das falas, frases, idéias, que me chamaram atençao. Nos meus livros eu rabisco mesmo mas, como este era emprestado, tive que anotar à parte. Hoje, revisando o que foi escrito, encontrei uma das minhas favoritas, e gostaria de dividir com os senhores.
"Para relacionar-se plenamente com o outro, você precisa primeiro relacionar-se consigo mesmo. Se nao conseguirmos abraçar nossa própria solidao, simplesmente usaremos o outro como um escudo contra o isolamento. Somente quando consegue viver como a águia, sem absolutamente qualquer público, você consegue se voltar para outra pessoa com amor; somente entao é capaz de se preocupar com o engrandecimento do outro ser humano" (p. 372)
Esta é uma fala do Nietzsche ao Doutor Breuer, seu médico e amigo na trama. Achei de extrema sabedoria quando ele coloca esta idéia de que é preciso se conhecer, é preciso relacionar-se consigo mesmo para poder se preocupar, de fato, com uma outra pessoa. Creio que esta idéia possa ser muito bem aplicada em relacionamentos de amizade e amorosos também. Ao dizer "torna-te quem tu és" Nieztsche desafia seus leitores a olharem para dentro e si e descobrirem o que sao, quem sao.
Quando comecei a fazer terapia há alguns anos atrás, logo percebi que o fato de entender a si próprio tem um poder maior do que podemos imaginar. E apesar de ser necessário que nos relacionemos com outras pessoas - em diferentes níveis - para termos espelho, para podermos nos enxergar, a solidao, o ficar sozinho, é essencial para que alguém possa olhar para dentro e se reconhecer em si próprio.
Nestes tempos de correria e agenda cheia, respiro fundo quando sento na frente deste computador e simplesmente registro meus pensamentos, devaneios... Outras vezes, em momentos de puro ócio (meio raros ultimamente), viajo nas idéias mais malucas. Conjecturo sobre a vida. A minha, a dos outros...a dos amigos.... penso sobre a saudade, penso sobre relacionamentos. Penso se eu estaria pronta para encarar outro. Será que eu tenho vontade? Ainda bem que pra este quesito me falta pressa... sim, me falta pressa. Seria esta atitude algum sinal de maturidade? Estaria eu renunciando, pelo menos momentaneamente, às outras possibilidades, para terminar o processo de auto-reconhecimento?
Dificilmente é possível nos isolar de tudo e enfrentar a mais pura solidao. Mas já disse antes nesse blog, é algo muito saudável. Viver a companhia das pessoas após ter atravessado este "vale da sombra da morte" me faz sorrir docemente de alegria.
Termino com outro pensamento de Nietzsche que se encaixa com o sentido que estou tentando dar a este post:
"Quem nao obedece a si mesmo é regido por outros" (p. 240)
=)
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