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Estou de volta. De volta em casa, em Santiago, depois de duas curtíssimas semanas.
Nos últimos 16 dias eu dormi mal a maior parte das noites, comi (com prazer!) muito mais do que deveria ou podia, dei muita risada com a tropa de parentes que estava instalada lá em casa (em Goiania), vi alguns amigos (infelizemente nao pude ver todos), tomei um porre inesquecível (de ruim!), bati perna atrás de roupinhas novas, passei raiva experimentando milhoes de roupas, peguei aviao e fui mau humorada e finalmente cheguei em casa. Numa quinta-feira a noite nao tao fria como eu esperava, voltei para o apartamento 254 do Cerro La Parva 980A.
A volta me deixou chata. Eu nao queria voltar. Queria mais bagunça, comelança e festa. Mas nao adianta. O tempo é igual pra todo mundo. Lembro de pensar isso alguns dias antes da viagem. As 24 horas de cada dia passam segundo por segundo, sem a possibilidade de serem adiantadas ou retardadas. Cada segundo respirado no Brasil já deixou de existir e o que existe agora sao as lembranças, mesmo porque fotos tirei poucas.
Na mala, pedaços do país natal. Uma cafeteira e vários sacos de café "de verdade". Presentes para os amigos. Um licor de jabuticaba, algumas pecinhas de artesanato, umas pimentinhas do reino e até conserva de Pequi. Essa foi encomenda da Srta. A. Esqueci de trazer os mais óbvios Guaraná e Sonho de Valsa. Mas nao tem muita importancia nao. Chocolate eu gosto mesmo é de um alemao que vende aqui, e eu sempre preferi coca.
É interessante voltar para um lugar aonde ninguém te espera. Aqui nao tem mae, nem pai, nem avó para ficar plantados no aeroporto - se bem que minha família nao faz isso já faz tempo! Também nao tem gato, cachorro, namorado ou namorada. Claro que existem os amigos que querem saber o dia da volta para podermos marcar os tradicionais encontros em cafés, praças, restaurantes, etc... Mas ninguém de fato morrendo de saudade. A volta para esse lado da cordilheira é também a volta ao estado de solidao em que escolhi viver. Solidao essa que vem no momento certo, mais uma vez. A verdade é que eu estava cansando de estar rodeada de gente o tempo todo.
Passei o dia arrumando as bagunças pós-viagem. Passando as roupas novas, guardando tudo direitinho. Daqui a pouco terei convidados para o jantar, e começa tudo de novo. Senta, come, conta história... de novo...