domingo, 13 de setembro de 2009

Dos Acasos da Vida

A tendencia de viver uma vida agitada é ligar o piloto automático do quotidiano. Levanta, come, se veste, trabalha. Volta pra casa, estuda, faz almoço, trabalha de novo, vai pra aula de yoga, vai pra aula. Vem pra casa de novo, toma banho, janta e dorme. E no outro dia as coisas se repetem, mais ou menos do mesmo jeito. Até que um acontecimento ou outro nos lembra que essa coisa chamada vida é algo dinamico, vivo!

Sexta a tarde, antes de ir pra sinagoga, resolvi dar uma olhada no orkut - hábito cada vez menos frequente! Vi uma foto do meu avo - "seu" Bruck, do Rio Grande do Sul - publicada no orkut de uma prima, e cliquei pra ver os comentários. E foi quando, devido ao que estava escrito na foto, descobri que ele tinha morrido naquele dia mesmo.

Grande surpresa. Poucas horas antes eu tinha comentado com o "marido" que talvez no fim do ano eu desse uma esticada lá no Sul, pra ver a parentada de lá. Foi estranho pensar que "seu" Bruck já nao existia mais.

Liguei pro meu pai pra saber o que tinha acontecido. Depois pra minha mae, que já estava em Porto Alegre, se encontrando com a horda familiar que se reunia para tomar as devidas providencias. Ouvi Moleh Rahanim, uma reza hebraica fúnebre. Nao fui a sinagoga e fiquei em casa, vivendo aquele momento.

Se nao bastasse, ao conversar com minha mae, descobri também que a irma de uma querida amiga também morreu. Eu nao ha conhecia muito bem, mas lembro-me de passar momentos inesquecíveis ao seu lado. Ela era casada e além do marido, deixou duas filhas adolescentes. Uma pessoa de quem sempre me lembro alegre, sorridente, comum ótimo senso de humor. Nos encontramos poucos dias antes de eu me mudar aqui pra Santiago.

Como era de se esperar, passei algumas horas da sexta a noite refletindo. Refletindo sobre o cessar da existencia, o que é isso, como funciona. Um dia alguém que voce nao ve há tempos simplesmente dá o último suspiro de vida e o simples conocimento disso faz com que o sentimento se altere. De repente bate o sentimento de falta, de saudade...de uma pessoa em quem voce nem pensava todo dia. Estranho isso. Difícil descrever.

Após um par de horas depurando isso tudo dentro de mim, saí do quarto com a cabeça erguida. Jantei com Monsenhor A, "marido" e Maca, nossa nova amiga. Bebemos vinho, rimos. No sábado saí pra caminhar. Subi o Cerro San Cristóbal. Mais de uma hora subindo um morro e no topo, é claro, uma linda vista. Senti os deliciosos momentos de um fim de semana vivo, bem vivido. O acaso da morte também serve para nos lembrar de sentir nossa própria vida, pois esta tampouco é eterna. Tanto meu avo, José Bruck, como a Norma, eram pessoas de quem me lembro sempre com um sorriso. Pessoas que me fizeram sentir a vida como algo feliz.

Sou meio cética. Nao acho que eles estejam no céu, nem no inferno, nem em qualquer outro plano espiritual. Honestamente, nao me interessa. Só me interessa a lembrança de disfrutar meu dias ainda restantes e, quem sabe, deixar também boas memórias em pessoas que me importo.


P.S. A foto do post eu mesmo tirei. Sábado de tardezinha, na descida do Cerro San Cristóbal. Gosto como estao presentes os elementos da natureza e ao mesmo tempo as pessoas, indo e vindo.

1 comentários:

Camila disse...

É incrível o quanto eu leio pras coisas q vc escreveu e fico pensando q eu poderia ter escrito as mesmas coisas...

bizarro.

 
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