quinta-feira, 25 de março de 2010

Porque a Vida Nao É Lógica

Ao contrário do que ensinam por ae, nao existe lógica nessa coisa chamada vida. E olha que nem precisa pensar muito para arrumar N exemplos. Afinal, quem nao conhece uma amiga que só gosta de quem a maltrata? Essa mesma amiga tem pelo menos uma nobre criatura interessada nela, alguém que lhe daria todo o amor do mundo... mas simplesmente "nao rola". Isso nao tem sentido. E muitas outras coisas na vida nao tem sentido. Como algumas reaçoes do corpo humano.

Há alguma semanas atrás resolvi que ser saudável e comer bem era algo super digno e tendencia, e por isso eu faria uns ajustes de dieta. Com o liquidificador comprado, dei a louca de fazer mil tipos de vitamina. Comprei leite, frutas e aveia. Passei a fazer sucos e vitaminas todos os dias, além de inventar uns almoços vegetarianos como arroz com lentinha (e um monte de outros legumes). Para fechar a onda natureba, abri o frasco de pílulas de óleo de alho, que havia comprado numa dessas lojas que vende tudo natural, e passei a tomar 2 comprimidinhos por dia. A "promessa" era de que o tal óleo de alho ajudasse a melhorar o sistema imunológico, com o qual eu me preocupo sempre, uma vez que sempre tenho ataques de herpes quando abaixam minhas defesas. E assim foi...

Mas, como eu disse no começo do post, a vida nao tem lógica. Poucos dias depois de começar com tudo isso, minha pele ficou horrível, além da eterna impressao de que eu estava engordando. Poxa, aveia nao é pra engordar! Muito menos dar espinha na cara! No entanto, o pior efeito de todos foi uma herpes chata, me pegando de surpresa em plena segunda de manha. Estava dando aula quando saiu. Vim correndo para casa, mas já era tarde demais. Mesmo tomando quase uma overdose de aciclovir, nao consegui evitar duas feridinhas chatas no lábio superior, limitando significativamente algumas das atividades que eu tinha planejado para a semana. Enfim, tava tudo errado!!! Tudo!

Chutei o balde. Ok, nao completamente. Mas chega de quebrar a cabeça inventando mil jeitos de fazer almoços vegetarianos. Voltei a comer no McDonald's, tomar bastante café e nada de me sentir culpada de nao comer uma tigela inteira de salada. Por que? Porque tanto faz! Ah, o mais importante: parei também de tomar as cápsulas de óleo de alho. Fala sério, aquilo é armadilha de satanás! Especialmente se, por curiosidade, voce morder uma e sentir o óleo do alho na boca. O bafo é algo de outro mundo.... #Fail

Assim é a vida, caros leitores... tem coisa que simplesmente nao fuciona. People don't change, já dizia Dr. Casa. Acho que a frase se estende para o corpo. Se até hoje a pele esteve bonita, pra que inventar de melhorar? Parreira tava certo. Nada de mexer em time que está ganhando.

segunda-feira, 22 de março de 2010

No Confessionário - E o Conselho Que Salvou o Dia

Quando eu ouço a palavra "confessionário" só consigo pensar em duas coisas. A primeira é uma certa fantasia sexual infame, envolvendo aquele beco aonde o/a fiel se despe de pudor e confessa o que fez - ou tem vontade fazer! A segunda é algo mais banal mesmo. Aquele quartinho do Big Brother.

Sin embargo, o post de hoje vai servir meio como desabafo/confessionário. Porque a falta de atualizaçoes mais frequentes nao tem se dado por um problema de tempo, e sim por medo de enfrentar certas coisas.

Semana passada começaram as aulas novamente, e com elas veio o medinho. De que? O de sempre. O medo de fracassar. Com o papo todo de apresentar o pré-projeto já na próxima semana e, no fim do semestre, entregar o capítulo sobre o marco teórico, parece que caí na realidade.

A sensaçao do momento é que quanto mais eu enfio a cara na idéia da minha dissertaçao - que há 3 meses parecia algo genial! - mais eu sinto que nao sei nada e nao vou dar conta do recado. A velha de Sócrates, "só sei que nada sei". O projeto é mais do que ambicioso...na moral, é quase impossível. E eu bem que poderia fazer uma lista aqui dos porques eu inventei uma coisa que, no papel ficou massa pra caramba - e me rendeu quase um 10 de nota - mas...antes de terminar este post o Monsenhor entrou no meu quarto, e tudo mudou.

É, o Monsenhor tem seus momentos. Chega em casa, interrompe minha escrita. Aquilo que era pra ser um post cheio de emoçao, com confissoes do meu eterno medo do fracasso e a frustraçao por nao ser uma pessoa mais pragmática e ter estudado Administraçao...tudo foi pro saco. Depois de contar porque eu tinha cara de preocupada, na maior categoria freudiana de tratamento de neuroses, ele mostra o caminho: "o melhor jeito de vencer esse medo é meter a cara e fazer essa apresentaçao logo".

E mais uma vez o dia foi salvo por um conselho do tipo eu já sabia...mas que nao lembrava.

quinta-feira, 11 de março de 2010

E o Terremoto Nosso de Cada Dia Nos Dai Hoje!

E eu achando que já poderia escrever um post inteirinho sobre as mil maneiras de se preparar abacate – a la chilena – ou mesmo sobre as várias vitaminas que ando inventando esses dias. PERO NO! O constante movimento de placas tectônicas, mais especificamente, uma réplica forte de 6.9 graus me impediu. Portanto, queridos leitores, lá vamos nós – de novo! – para outro relato terremótico.

Era uma bela e ensolarada manha de quinta-feira, 11 de março de 2010. Na cidade de Santiago, no Chile, muitas pessoas estava atentas as notícias políticas. Uma cerimônia longa e chata – como todas do tipo – marcava a transição do governo de Michelle Bachelet – de izquierda – para Sebastián Piñera – de direita. A falação era enorme, já que nos últimos 20 anos o país havia estado nas mãos da galera de esquerda, depois da caída do Sr. Pinochet, direita. Aff, tanto troca troca! A política é assim mesmo, cíclica...pra não dizer outra coisa.

Eu me encontrava linda e loira, jogada na cama, escrevendo um email para R, ao mesmo tempo que papeava com Dona L no MSN. E foi quando começou tremer. Oh, céus, grandes coisas! Há mais de duas semanas treme todos os dias. "Mais uma réplica legal", pensei. No entanto, diferente das outras já sentidas réplicas, é que essa foi aumentando a intensidade. Treme, treme, treme... a cama balançou forte, a televisao, a lampada, a estante....meu mouse caiu da mesa. Sim, era outro terremoto.

As pessoas reagem diferentemente a situaçoes como esta. Em vez de ir para debaixo de uma porta ou mesa, como manda o protocolo, twitei! Por que? Sei lá! Acho que me passou pela cabeça que era uma bom jeito de informar o mundo sobre o que acontecia por aqui, neste país tao austral. Porque nada melhor do que informaçao quentinha. E se aquelas fossem minhas últimas palavras, melhor morrer assim, sendo (pretensiosamente) útil à humanidade! Uau...forcei, hein!?

Assim que parou de tremer tomei a questionável decisao de ligar para Moms, que estava online no Skype. Liguei avisando: "Ó, to ligando só pra dizer que estou bem e pra ninguém ficar assustado quando ver, na hora do almoço, o jornal dizendo que teve outro terremoto, ok? To viva e to bem". Aqui eu abro um parenteses: avisar a família que voce está bem e acaba de sobreviver a uma catástofre tem um efeito quase igual ao de pedir para uma criança hiperativa ficar quieta. Ou seja, nulo! Pouco adianta eles ouvirem a tua voz e as infindáveis reafirmaçoes de que nem tudo é tao ruim como parece. Eles insistem, "saia já daí, volte para o Brasil". Como se isso fosse adiantar alguma coisa. E fecham com o tradicional argumento, "quando voce tiver seus filhos, entenderá!"

Aí estava eu, no meio dessa conversa quando....começou a tremer de novo!! Viva!... E novamente os cracks da parece - como se fosse cair, o balançar forte de tudo. Senti como se meu quarto fosse um caixote sendo transportado por um caminhao velho de mudança. Avisei para Moms - e um casal de tios que nessa altura já haviam aderido à conversa: "Olha, tá tremendo de novo aqui e dessa vez tá forte. Lembrem-se, estou bem. E agora vou descer do prédio. Té mais, beijo e ciao!". 

E assim fiz. Troquei de roupa rapidao e fui descendo as escadas. Encontrei com a vizinha da frente, que ia na mesma onda, junto com seus dois cachorrinhos. Acabei pegando o elevador mesmo.

Lá embaixo já haviam umas pessoas, mas o que é melhor de notar é que, mesmo bem conscientes de tudo, os seres-humanos sao capazes de encarar as mais diversas situaçoes com certa naturalidade. Por isso volto a insistir que nao existe outro caminho, a nao ser seguir em frente.

Coloquei minha música e segui andando para o metro. E dae que a terra tremeu? Nao por isso vou cancelar meus planos para o almoço. Mesmo porque tudo seguia num ritmo normal...o onibus, o metro, os pedestres, os carros...e nessa hora até eu, que nao digo que sou crista, nao resisto. Olho pro céu e peço a D-us: "e o terremoto nosso de cada dia nos dai hoje!"


Música sugerida:

Celebration (Mandonna) - tocou assim que eu saí de casa, rumo ao metro, hehehe...achei propício!

domingo, 7 de março de 2010

Abalo: O Pós Apocalipse PARTE III (e última!)

A segunda-feira pós terremótica foi dia de encarar o supermercado e comprar comida. Como relatado no post anterior, até domingo a tarde eu e Gabo nos abrigamos na casa de R, ou seja, nao havia alimento em casa.

Eu já sabia que os supermercados estavam todos cheios, mas pensei que na segunda as coisas já teriam se acalmado um pouco. Haha! Doce ilusao! Cheguei no Tottus (supermercado perto de casa) e estava absolutamente lotado, com filas imensas, cheio de gente com cara de terror. Ai, que saco! Eu até aguento o lugar lotado. Me bate uma onda de paciencia, mas gente com cara de terror sem a absoluta necessidade, isso sim me irrita!

Realmente nao sei o que passou na cabeça dos santiaguinos. Quem sabe pensaram que o abastecimento de comida iria diminuir, ou que os preços sofrer um aumento absurdo, ou que a Terra iria acabar de vez. Nao sei mesmo o que pensaram. Mas o fato é que as famílias correram para os supermercados e começaram a comprar artigos de necessidade básica como farinha, óleo, carne, pao, abacate... Sim! Abacate é artigo básico aqui no Chile. Hilário, nao? Hahaha

Quase nao consigo comprar pao. Peguei o último pacote que tinha. O pao que eu realmente queria, um Pan Pierre (com ameixas), nao tinha nem o rastro. Me contentei com um integral normal. Comprei frango, tortilha, macarrao e umas frutas e verduras. E ae foi hora de encarar a fila. Ah neim...

A fila foi o pior. As pessoas, além de loucas, pareciam estar mais burras que o normal. Nao acredito que essa minha crença seja pura falta de paciencia. Nao! As pessoas realmente sao burras, já dizia Dr. House. E em circunstancias assim, meio complicadas, parece que essa característica se acentua. O que é estranho, porque se há mais adrenalina no sangue, seria lógico deduzir uma maior agilidade. Pero no! E depois de muita, mas muita espera, consegui parar e vir para casa.

O dias subsequentes foram meio anormais. Shopping fechando mais cedo, lojas fechadas, alunos cancelando aula. Mas aos poucos as coisas voltaram ao normal. Na terça Gabo deu a sorte de estar na hora certa e no lugar certo (leia-se: loja da TAM, depois de 2 horas de espera). Confirmaram um voo para terça a noite e num espaço de 2 horas tivemos que arrumar a mala, comprar uns ultimos presentes (vinhos, piscos, alfajores, etc) e correr para fazer o check-out. E as 7pm lá se foi ele...de volta pra casa.

É isso.... assim sobrevivemos ao terremoto. Adorei. Continuo a afirmar que tenho mais medo de barata do que réplicas e tremores em geral. Acho mais digno morrer de terremoto do que de bala perdida, por exemplo. Por que? Nao sei. Freud deve explicar... Enquanto isso continuo por aqui, afirmando a cada dia que as coisas estao bem normais. A grande liçao a tirar de qualquer catástrofe, pessoal, nacional ou mundial, é que nao existe outro caminho, a nao ser seguir em frente.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Abalo: O dia depois de ontem Parte II

Antes de começar o relato sobre o que sucedeu após o tal terremoto, queria aproveitar o espaço e pedir para que voces nao acreditem na mídia. As notícias tem abusado do mau gosto, repetindo imagens da tragédia e anunciando cada réplica como se fosse o apocalipse. Houve sim muitas áreas afetadas. Os tsunamis varreram tudo por onde passaram e as regioes mais próximas ao epicentro também foram devastadas. No entanto, em Santiago, com poucas exceçoes, a situaçao está normal. A vida continua, as pessoas vao ao trabalho e, apesar de estarem meio loucas, comprando tudo o que há no supermercado, tudo segue seu ritmo.

Ok, agora senta que lá vem história...

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 Terminamos o último episódio com o terremoto pegando todo mundo de surpresa.

Eu e Gabo nos reencontramos com R e saímos da boate, assim como todo mundo. Gabo estava tranquilo, internamente desejando que nao fossemos embora. Ele achava que a balada ainda continuaria. Eu e R também estávamos de boa. De fato eu curti muito o apagao geral que tava na cidade pois a lua, em toda sua glória cheia, refletia linda em cima da Virgem que se encontra no topo do Cerro San Cristóbal. A vista era absolutamente linda, em meio a loucura que estava o Bellavista (bairro boemio aonde se encontra a boate).

Saímos pela cidade, meio sem saber o que fazer. Viemos parar aqui, na frente do edifício aonde moro. O problema? O problema óbvio é que eu vivo no apartamente 254, 25o andar, para ser mais específica. Ficar sem eletricidade seria tolerável se isto nao implicasse, automaticamente, na falta de água. Porque a água nao sober 25 andares sem eletrecidade. Quase entrei em panico pensando que nao teria água em casa. Simplesmente nao posso viver sem água. Bebo água compulsivamente e... beber água traz suas consequencias naturais, né! Pra resumir, R foi um muito gentil e convidou eu e Gabor para dormir em sua casa, aonde havia água - quente e fria!

Sábado de manha, assim madrugadinha, rolou a primeira réplica. O que é isso? Sao tremores menos intensos que o terremoto. Terremotinhos, tremidas residuais, que também variam de intensidade. Dizem que essas tais réplicas acontecem até 2 meses depois da sacudida principal...ou inicial. E de fato, elas continuam...

Mas, voltando a sábado de manha...ainda nao tínhamos eletricidade. Ajudei R a preparar nosso café da manha e depois, junto com Gabo, fomos jogar poker, seguido de truco. Gabo é bom de truco, e ganhou todas. Eu tive sorte no poker, e depois perdi tudo, hehe. Me senti como uma espécie de Anne Frank, pero menos glamourosa. Teria mandado Gabo escrever minhas memórias, já que praticamente esqueci como se escreve a mao.

A tarde foi hora de encarar a realidade e subir os 25 andares a pé. Isso mesmo...

Dentro do apartamento estava uma bagunça. Minha televisao no chao, roupas também. Os livros da estante - que eu havia arrumado há uma semana - estavam caídos, assim como os batons, cremes, etc. Segundo o relado de Monsenhor Ariel, que presenciou tudo aqui de dentro, a coisa foi feia. O espelho do banheiro caiu e quebrou uma bomba de água - deixando-nos sem água de vez e inundando o banheiro. A geladeira se desligou e foi dançar no meio da cozinha. Os quadros da sala, junto com as estátuas peruanas, foram todos para o chao. Um cenário assim, meio apocalíptico.

Liguei pra casa. Acalmei os animos de todos na família que, obviamente, pensavam que eu havia morrido soterrada. Tranquilizei a todos, contando toda a história e explicando porque nao foi possível entrar em contato antes. Fogueira apagada, foi hora de almoçar.

Com toda a história de falta de água e subir 25 andares, eu só queria saber de tomar banho e escovar os dentes. Essa era a prioridade. R novamente ofereceu sua casa, aonde ficamos até domingo de tarde, e essa parte foi bem legal. Ficamos todos em casa, bem tranquilos. Banhos tomados, dentes escovados. Jogamos Wii, truco, conversamos, jantamos, caminhamos pelo bairro - que é no subúrbio de Santiago, bem tranquilo.

No domingo levantamos tarde e fomos almoçar em Cajón del Maipo, um vilarejo no meio das montanhas. Apreciamos um delicioso Lomo a lo pobre num restaurante ao pé de uma enorme montanha. Cenário delicioso.

O fim de semana terminou assim, calma e gostoso, sem nem parecer que há pouco mais de 48 horas as placas tectonicas abaixo de nossos pés resolveram mudar o destino de muitos que se encontravem nesse país.


No próximo episódio falarei sobre o clima de apocalipse sentido nos supermercados, e também sobre a volta de Gabo ao Brasil.
 
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