domingo, 22 de junho de 2008

Parindo a Idéia


Eu aprendi na aula de Filosofia que Sócrates dizia que ele ajudava as pessoas a parirem idéias. Quando ouvi isso a primeira vez achei meio nojento. Afinal parir nao é das palavras mais bonitas ou mesmo lisonjeiras. Parir me lembra vaca, dor, sangue, suor, sofriemento, cheiro de curral, sei lá. É feio. Eu acho feio. Por isso rejeitei a noçao de "parir" uma idéia e, cabeça dura como sou, continuei falando pra mim mesma que as idéias surgiam em minha mente, assim como mágica. Um, dois, três, bluft! Tive uma idéia!
Mas, com o tempo passei a acreditar que sim, idéias sao paridas. Pelo menos a maioria das boas idéias. Às vezes é mais fácil. Uma cesariana resolve. Pouca dor. Pelo menos na hora. E outras vezes o parto dói mais um pouquinho. Horas de trabalho de parto, dor horrorosa, raiva. Suor, sim. Às vezes quem sabe até umas lágrimas. Boas idéias raramente nascem do acaso. Sao também frutos de um processo, mesmo que este seja inconsciente.
Semana passada me descobri grávida. Nao exatamente por opçao, mas sim necessidade. Preciso parir uma idéia, e tem que ser inédita, além de boa. Tem que ser interessante o suficiente para que acadêmicos olhem para ela e pensem, "ah, sim! Esta tem futuro!". Mal sabe eles que a gente nunca sabe, realmente, o que tem futuro ou nao. Muitos diziam que eu tinha futuro. Hoje eu sinto que o o "futuro" chegou e ....eu ainda nao produzi os resultados esperados. Ou seja, o mesmo risco corre minha idéia, ainda na fase de gestaçao.
No entanto, ainda nao é hora de se preocupar com isto. Nao agora. Talvez depois do parto, sim. Por enquanto eu só quero saber de parir logo. Alimentar esta criatura, fazê-la crescer o suficiente pra sair desse meu corpo. Argh! Sai!....
tic, tac....tic, tac.... tic, tac....

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