Com o tempo a gente aprende que nao existe segredo, ou sequer nada que seja secreto. Cedo ou tarde as coisas sao descobertas. De propósito ou por simples acidente, a verdade acaba sempre vindo à tona, mesmo que já nao faça a mínima diferença. Isso vale para segredinhos entre amigos, casais, pais e filhos e agências de inteligência.
Sempre tive a impressao de que certas verdades me procuravam mesmo que eu nao as buscasse. Como uma pena que é levada pelo vento, leve e de pouca significância, esta pena aterrissa em algum lugar e, quem sabe, este lugar pode ser o colo de alguém que dá significado àquele mísero material que até pouco vagava por aí.
Quando, por qualquer razao, alguém nos machuca, dependendo da situaçao, da intensidade de sentimentos investidos, é natural avaliar a possibilidade de perdoar aquela pessoa. Se existe amor de verdade, a gente releva, repensa tudo, tolera, acha que um pouco mais de paciência pode resolver o caso. Ao mesmo tempo, há de se levar em conta o tamanho do machucado e da dor infringida.
Todo investidor sabe o tanto que é duro ver suas açoes em baixa. Assistir seus investimentos indo por água a baixo. O sentimento é de traiçao. Como se o mercado tivesse mentido! Em relacionamentos, de qualquer tipo, a analogia é válida.
De que valeu tanto amor? Tanto esforço? Tantas conversas, tantas tentativas, tanta entrega? Valeu muito pouco. O bem conseguido nao superou o mal que foi feito. O investimento passou longe de ser lucrativo. As mentiras lançadas ao vento caíram em meu colo e eu, que até pouco ainda via a possibilidade de perdao, começo a achar que nao é possível. O sentimento produzido passa a ser o de desprezo.
Desprezar alguma coisa ou alguém é, ao mesmo tempo, libertador e triste. Desconfio que esse meu desprezo nao faça muita diferença para o objeto/pessoa desprezado(a), mas ainda assim ele é presente em mim. Como chegamos a isso? pergunto-me.
Muitas histórias, muitas explicaçoes. Todas resumidas em uma única palavra, no plural. MENTIRAS. Uma série de mentiras contadas para quem nunca mereceu. Contadas por uma pessoa egoísta e insegura, que diz querer ser honesta, mas nao consegue superar a si mesma no inferno próprio que construiu.
Só me resta dar uma risadinha de pura descrença. Ou melhor, nem isso. A vantagem de ter velhas-verdades reveladas e de anular a possibilidade de perdao é que tudo se torna mais fácil, mais simples. Nao há mais o que pensar, o que considerar. A desonestidade de outrem faz com que o cenário ganhe um tom preto e branco e sem graça. Nao é mais necessário conjecturar sobre como perdoar. Esta possibilidade já nao existe mais.
FIM
1 comentários:
Ó vida, ó céus, ó tudo... esse mundo tá perdido mesmo!
Fica bem, fazendo o favor.
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