Me lembro bem do dia em que mudei de volta para o Brasil, depois de ter morado no Canadá por mais ou menos um ano. Logo pela manha meu pai me ligou, com a voz toda animada. Eu, nada feliz, disparei a chorar. Daddy tentou oferecer consolo e nunca esqueci de suas palavras: "Minha filha....voce escolheu essa vida de cigana. Entao tem que aguentar. Cigano muda. Um dia tá aqui, noutro tá lá. E agora tá na hora de voce voltar pra casa".
Ir embora é sempre doído. Dói mesmo, assim, por dentro. E nao adianta quantas vezes voce vive isso, é sempre a mesma coisa. Claro que a gente pega o jeito, e pelo menos já sabe o que esperar, mas a dissonancia cognitiva razao vs. emoçao nao deixa nunca de ser real. Por mais prática que eu tenha, nao é mais fácil deixar os amigos tao querida, e a família que eu tanto amo. A sensaçao é sempre de que nao deu tempo o suficiente de estar com quem se gosta.
Poucos dias atrás saí com Dona Let. Conversamos muito sobre o lance de amizade e relacionamentos virtuais. Lembro de sair desse encontro - um almoço, na verdade - me sentindo privilegiada de viver em tempos onde internet é algo barato e comum. Sem esta, tudo seria mais difícil. Sem internet eu ficaria sem notícias dos amigos, e gradualmente perderia contato com eles. Orkut e Facebook vieram pra facilitar muito a vida nesse sentido. Assim como o Skype, que me permite falar com Mom and Dad todos os dias. A saudade aperta sim, e sempre vai apertar, nao adianta. Mas nao consigo deixar de me sentir grata pela tecnologia que me permite enganar um pouco esse sentimento.
O duro de morar fora, nem que seja uma vez na vida, é que o coraçao da gente nunca mais fica em um lugar só. A saudade passa a ser constante.
No entanto, dores sentimentais à parte, me sinto feliz também. Voltando pra casa=Santiago, as coisas voltam também ao normal. Voltarei a comer coisas mais saudáveis, a subir morros, ler coisas para minha dissertaçao (artigos academicos). Voltarei a trabalhar e ter responsabilidades. Ter menos mordomia me faz bem, devo admitir. Volto a conviver com meus amigos de lá, os chilenos, os americanos, os bolivianos, etc. Volto também para aquela criatura que tanta paciencia teve comigo e disse que amanha me espera quando eu chegar. Saudade...vontade de ver... Esses quase dois meses de Brasil foram um teste. Teste esse que falarei mais no futuro.
E é isso...o sono bateu. Melhor ir dormir logo e aproveitar minha última noite naquela que já foi minha cama de todos os dias, espaçosa e confortável, no meu quarto massa e com ar condicionado que eu adoro!
Encerro o post com a seguinte sitaçao de Paulo Leminski: "Haja Hoje para tanto Ontem."
1 comentários:
Saudade já! bjo
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