Chegamos hoje (sexta) de volta ao Chile, em San Pedro de Atacama. Desde quarta estávamos em transito, no meio dos lugares mais inóspitos - e lindos - da Bolívia. Voltar pro Chile teve um gosto de voltar pra casa. E ah, que fique registrado, San Pedro parece Pirenópolis! hahaha...faltou só uma lanchonete vendendo empadao e pamonha.
Ok, vamos ao relato...vou tentar me concentrar nas melhores partes, mas como foram 3 dias intensos, aviso que esse post deve ser longo.
DIA 1 - Quarta 28/07: SALAR DE UYUNI
Chegamos pouco antes da 7 na cidade de Uyuni, na Boliviam, depois de viajar a noite toda desde La Paz. A altitude era mais ou menos a mesma, o que nao foi problema. O duro foi o frio, que tava de lascar. Pra voces terem um noçao, a janela do onibus congelou e nao dava pra ver lá fora. E foi nesse clima, gelado da p**** que descemos as malas e fomos para a agencia de viagem, aonde deixamos as malditas - que estavam bem pesadas. Ali mesmo conhecemos Sofia, uma sueca gente boa que também iria no mesmo tour. Nos cumprimentamos e, bem no estilo brasileiro, já convidei a nova amiga pra ir tomar café.
Uyuni é uma cidade bem pequena, currutelinha, como se diz em Goiás. Vive do turismo ao Salar. Na verdade só serve mesmo de base para essas tours que dali saem.
Conhecemos Yochom e Alex (Holanda) e Birgitte e Brigitte (Austria) que também iriam conosco e saímos quase as 11 da manha. Ae a primeira surpresa óbvia: todos os jipes 4X4 da cidade iam pro mesmo lado! Hahaha....e eu achando que ia ser uma daquelas viagens aonde voce se sente abandonado no meio do nada.
O primeiro dia é dedicado ao Salar especificamente. Imaginem voces 12mil kilometros quadrados de chao branco, feito de sal. Voce olha pro horizonte e ve umas montanhas - algumas delas, vulcoes. E ve a imagem espelhada no chao, como se tivesse água, hahaa...é o deserto, minha gente. Uma coisa linda, erma, no meio do nada. O céu azul maravilhoso na cabeça, o chao branco, parecendo infinito.
Almoçamos na tal Isla del Pescado (Ilha do Peixe), um morro cheio de cactus gigantes. Imagine um cacto de 9 metros...poisé, lá tinha um monte desses. O motorista era também o cozinheiro. E a comida me surpreendeu. Logo de cara ele serviu carne de Lhama. Oh, ceus...eu nao comi, fiquei com dó da bichinha. E medo também, hehehe...
Seguimos viagem pelo salar. O chao infinitamente branco, como descrito acima. Paramos para tirar fotos em perspectiva, essas que parecem de photoshop. Bem divertidas. Babei o tempo todo com as paisagens, tirei milhoes de fotos. Bati papo a viagem inteira e de quebra fui a tradutora do grupo. Só eu e R (sudacas) falávamos espanhol e ingles, e nos oferecemos para ajudar nossos amigos europeus.
No fim da tarde, saindo já do Salar, paramos numa pousadinha bem fofa. E imaginem....toda feita de sal. Os tijolos e o "grude" que junta os tijolos, tudo feito de sal. Um frio de fazer voce sonhar com os 40 graus do Rio de Janeiro e um céu lindo, lindo, lindo. R e eu até que estávamos bem preparados para o frio. Levamos jaquetas, luvas, gorrinhos, e tudo. Mas os europeus nao....hehee...coitados!
O jantar foi delicioso. Sopa de legumes e depois lasanha, feita com queijo local. Logo depois o motorista nos avisou que a luz iria acabar logo e, era bom que fossemos dormir. Isso era umas 9 da noite, hehee.... Walter (o motorista) estava certo, pois o outro dia começaria bem cedo.
DIA 2 - Quinta 29/07: O Deserto
O dia começou as 5:40am, com Walter acordando todo mundo. Logo tomamos café, carregamos o Toyota Land Cruiser com as malas, e vazamos - como se diz em Goiás, hehehe...
O frio, bem...nem precisa mais comentar. Acho que deu pra entender que tava MOITO frio! Mas assim como o céu estava lindo de noite, com direito a uma visa mágica da lua, o nascer do sol foi fantástico. E logo de manha entramos em um dos muitos desertos que visitaríamos.
A primeira parada foi num tal de Ejército de las Rocas...imaginem no meio do deserto um lugar que parece ter sido a casa de muitos recifes e corais, que agora sao pedras fossilizadas. Muito legal. A cor avermelhada-café do deserto, com seus vários tons, fazem tudo muito bonito e admirável.
A tarde, depois de visitar uns 3 lagos - sim, no meio do deserto e com direito a Flamingos - entendi porque Deus mandou os judeus pra um lugar assim - desértico, eu digo. Quando tudo o que voce consegue enxergar é areia, montanha e pedra, a sensaçao de pequenez e dependencia é enorme. Ou voce confia que alguém sabe o caminho e vai te guiar, ou bate o desespero.
No caminho vimos muitas lagoas, flamingos e vicuñas (parente da lhama). Areia sem fim. Tiramos fotos, claro. Improvisamos banheiros - viva as pedras gigantes que colaboram com a causa feminina - e conversamos temas variados, desde q incorporaçao da Turquia na Uniao Européia até as tradicionais banalidades.
De tardezinha foi a vez de parar num hotelzinho espelunca. Na verdade nem chama hotel, chama de refugio, porque é bem básico. A falta de estrutura foi compensada pela agradável companhia de nossos amigos de viagem e em seguida, de mais um jantar com direito a uma deliciosa sopa de legumes boliviana. Definitivamente, as sopas de legumes dessa viagem estavam muito gostosa!
Nesse refugio nao dava pra tomar banho. Claro que eu, eternamente obsessiva e ansiosa, havia estudado a viagem e sabia disso e, portanto, estava preparada. R e eu amenizamos a situaçao com esses lencinhos úmedos, de limpar nenem, sabe? Poisé, ajudou bastante! Até que suar a gente nao sua, pois é alto (quase 5 mil metros de altitude) e frio, mas a poeira é bem presente. Estávamos empoeirados dos pés às cabeças.
O lugar era ainda mais frio, e tive que dormir de casaco - aquele que eu usava no Canada quando fazia -20. Na verdade devia estar uns -20 lá fora, hehehe....O que eu nao entendo é como os (poucos) bolivianos vivem nesse ambiente o ano todo. Um ou dois dias de sofrimento a gente aguenta, mas coitada dessa gente que vive ae!
DIA 3 - Sexta 30/07: O Mal Humor e a Fronteira
O dia começou igual ao anterior. De madrugada e frio. A falta de estrutura, com a qual eu até entao lidei muito bem, finalmente me afetou. Nao demorou muito para que R viesse dizer que eu estava "chata". Em chileno, estar chata (le-se tchata) significa estar de mal humor, de saco cheio das coisas. E sim, eu estava bem chata. Nessas alturas da viagem eu queria fazer xixi sentada, lavar as maos e nao sentir dor por isso - agua congelando dói! - além de poder sair do jipe sem ter que colocar um gorrinho, cachecol e jaqueta, tudo pra me proteger do vento maldito.
A 4935 metros de altura - nosso recorde - o vento é muito forte. Ali vimos os tais geisers (le-se gáizer), que deixaram as malas com cheiro de enxodre. Aooo delícia! Mas foi interessante. Depois fomos a umas tais águas termales. Uma piscininha com água quente. Nada muito impressionante para quem conhece Caldas Novas, a suposta maior instancia hidrotermal do mundo - aoooo complexo de grandeza!!! Hahaha... A paisagem tava legal. Nao entrei na tal piscininha, mas fiquei pensando que, aonde tem água quente saindo da terra, ali tem vulcao. Adormecido ou nao.
A parada final foi a tal Laguna Verde, essa sim impressionante. No é de um vulcao, a cor esmeralda do lago é ma-ra-vi-lho-sa. Uma pena que eu realmente estava chata. Desci do carro, bati umas 5 fotos e voltei. Preferi admirar tudo dentro do meu lugarzinho confortável - nessas alturas eu sentava na frente.
Há 12km dali, a fronteira com o Chile. Foi a hora de despedir da gringolandia, dar uma gorgeta (10 mil pesinhos chilenos) para o Walter e entrar na van que nos deixaria em San Pedro de Atacama. A diferença Chile x Bolivia é óbvia na fronteira mesmo. Do lado do Chile tem asfalto e sinalizaçao. Do lado da Bolívia nao.
San Pedro de Atacama estava há 45km de pura descida. Se a fronteira estava na casa dos 4mil e tantos metros de altura, San Pedro está a 2500. No limite da dignidade, como eu mesma disse. Mais do que 2500 é quando as pessoas começam a passar mal. E de passar mal por altitude eu agora também entendo!
San Pedro é uma cidadezinha bem currutela, mas fofa. Lembra muito Pirenópolis. As casinhas pequenas, as lojinhas, restaurantes e tal. Encontramos logo um hotel e, depois do almoço, pra lá fomos, tomar um merecido - e necessário - banho e descansar um pouco.
Amanha já compramos o esquema de ir visitar o tal Valle de la Luna. Essa parte do mundo tem duas características básicas: este é o deserto mais árido do mundo, e também oferece os melhores observatórios de estrelas que existem. A NASA tem um observatório aqui. E amanha eu e R vamos passar a tarde vendo mais deserto, pedras e depois, com sorte, a Lua.
É isso por enquanto... post grande né? Eu avisei... Mas infelizmente resumi bastante. É difícil descrever as emoçoes provocadas numa viagem dessas. As fotos ajudam a dar uma ideia da coisa, mas só quem viveu isso mesmo para saber.
Shabat Shalom....
1 comentários:
Wow! Que aventura hein? Já posso te chamar de Ylana Jones. Muito legal e com clima de aventura. Boa sorte com o Valle de la Luna e aproveite bem, por que as férias são curtas. Você é bem corajosa para se aventurar nesse lugar que faz muito frio e tem vulcões. Ainda quero um dia fazer uma viagem dessas, mas com um clima mais tropical...
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