Era uma linda tarde de verao em Santiago quando chegou um email da Oracle oferecendo, oficialmente, o emprego que já estava conversado. Entrei no site e lá estava a cartinha, toda oficial, especificando o que já havia sido acordado verbalmente há algumas semanas. Funcoes, benefícios e claro...o salário. Ah, o salário...o tal salário que vai me dar vontade sair gritando que eu sim, sou RYCA! O salário que realizará meu sonho do milhao - ok, ninguém precisa saber que é milhao de pesos...o que vale é que eu vou ganhar meu primeiro milhao antes dos 30! Ha!
Foi nesse mesmo dia que chegou a carta que eu lembrei da Trish. Patricia D'Acosta, ou Trish é uma colega canadense com quem eu trabalhei na IPOA, em Washington. A Trish, já no alto de seus 27 anos, compartia comigo a posicao de apaixonada pela industria de seguranca. O problema era conseguir um emprego nessa área. Por isso ela estava ali, comigo, fazendo estágio. Em algum momento seu sonho era ficar na IPOA mesmo, trabalhando na área e aprofundando o servico que já fazia. O problema é que...a embaixada canadense lhe ofereceu um emprego. Um emprego que pagava bem, muito bem. O dinheiro, junto com todas as atribuicoes de um emprego que lhe pedia disponibilidade para viajar por todo o continente americano, fizeram com que Trish se sentisse compelida a dizer sim. Mesmo porque as possibilidades na IPOA nao eram as melhores. Claro que ela teria aceitado a ganhar a metade e continuar ali, mas nao era o caso. E lá se foi Trish, assumir sua posicao como representante alternativa do delegado do Canadá na OEA (Organizacao dos Estados Americanos).
Lembre de Trish porque me senti como ela. Nos últimos meses, desde que entrei na WorldCheck, me sentia como se estivesse subindo uma montanha. Todos os dias, no trabalho, eu subia essa montanha...íngreme, difícil. Nao foi fácil para mim aprender as milhoes de regras do trabalho e combina-las com aquilo que se entende por um certo talento para a coisa. Em dezembro eu finalmente senti que isso era possível, e passei a ser completamente indepentente do trabalho. Agora, em vez de duas correcoes, o que eu fizesse passaria somente por uma...e eu poderia produzir o tanto que desse conta, correr com o todo o folego que tinha. Era como se eu tivesse chegado ao topo da montanha e agora era só curtir a vista.
Certas oportunidades da vida sao assim. Chegam numa hora que as vezes nao parece ser a certa, mas é burrice nao aproveitar. E foi numa dessas, para nao ser burra, que eu entrei no processo seletivo da Oracle...sem vontade e sem esperanca...mas deu certo. Ou seja, era pra ser.
Parece nao ter muita lógica eu estar aqui, "fisolosofando" sobre a vontade de nao trocar de emprego enquanto tem muita gente que daria muita coisa para estar no meu lugar, nesta posicao de escolher. É, parece.... mas é bem óbvio que tal mudanca significa também comecar a subir outra montanha. Bem quando eu estava de boa, tranquila e feliz, tenho que comecar a subir de novo....uma montanha bem maior do que a outra, ao que tudo indica. A inércia, a vontade de ficar aonde está e nao sair da zona de conforto é muito grande. Mas já nao dá pra dizer nao e...eu nao diria de qualquer jeito.
É isso entao...melhor levantar, respirar fundo e preparar o folego para subir essa montanha...
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