quarta-feira, 30 de março de 2011

CU-ritiba e outras idiotices

Hoje, na hora do almoço, um dos colegas nos contava sobre sua viagem de férias ao Brasil. JP foi à Sao Paulo e Rio e curtiu muito as duas cidades. Baladou, beijou na boa, bebeu e comeu, subiu no Corcovado e no Pao de Açucar e fez o que turista faz. Até aí tudo bem, né? Eu feliz por JP ter se divertido tanto no meu país. Até ele dizer que queria voltar...pra conhecer CUritiba.

Ao indagá-lo por que essa cidade em particular, ele me contava como sua colega brasileira lhe havia dito que CUritiba era a cidade perfeita. E eu caí na risada.

Olha, nada contra a pessoa gostar da própria cidade. É até melhor, porque viver numa cidade que nao gostamos deve ser bem horrível. Mas daí a dizer que... é a cidade perfeita, tá demais. E pior, é a mesma lógica de gente idiota desinformada. Eu perguntei, "perfeita por que?". E segundo a criatura que lhe informou, era perfeita pela quantidade de áreas verdes, organizaçao e, principalmente porque todos eram descendentes de europeus. (SIC) Sim, meu sangue ferveu. Se tem uma coisa que me irrita é esse ranso de gente que se acha superior porque é "descendente de europeu". Aff!!! Em minha humilde opiniao eu, como também europeia-descentente (grande coisa!) digo que nao há pensamento mais colonial que este. Afinal, os colonos achavam que tudo o que era da metrópole era melhor. E pelo menos a última vez que chequei, esse país (Brasil) deixou de ser colonia em 1822.

Eu poderia passar o tempo aqui detonando CUritiba. Mas nao vou. A cidade realmente é bonita e organizada. Parabéns a quem a fez e mantém assim. A cidade também tem casas bem pobres e bairros que inudam. Por que digo isso? Porque eu já vi! Ah, e...eu duvido que essa mesma cidade esteja livre de afro ou indio descendentes. Desculpem, mas no Brasil isso nao é possível! Ainda bem...

Respondi a JP que o que lhe haviam dito era mentira e que, apesar de bonita e organizada, CUritiba era outra cidade brasileira qualquer. Ele quis saber se era mais bonita que o Rio.... outra risada... tadinho! O Rio é único...e olha, eu nem sou carioca hein! Deixei bem claro pra ele que quem espalha essa inverdade de que o Sul do Brasil é como a Europa...é porque nao conhece a Europa. Eu conheço tanto o Sul (os tres estados) quando a Europa (alguns países)...e por isso me sinto no direito de contestar a inverdade.

Nem sei explicar porque esse tipo de comentário me irrita tanto, mas o fato é que irrita. Eu entendo que a geografia tem um papel bem importante em nossas lembranças, formaçao de personalidade e identidade...mas daí a sair falando que um determinado lugar do mundo é o melhor...por favor, façam a ressalva que esta é a SUA opiniao. E está bem que voce ache assim...desde que voce saiba que é a SUA impressao e nao um fato!

Quanto à "superioridade" da descendencia Européia...tá aí outra coisa que me tira do sério. Igual o dia que eu ouvi uma colega o trabalho dizer que "gente bonita no Brasil só de Sao Paulo para baixo". Detalhe...do lado dela tinha um nordestino e uma goiana (eu!). Ela, no mínimo, cometeu uma senhora gafe, além de falar asneira de graça né!

Conversando com Pedrinho chegamos cada vez mais à conclusao de que os Europeus sao provincianos. E olha que ele mora na Alemanha hein, aonde supostamente as pessoas sao frias, calculistas e evoluídas. Anham, Claudia...senta lá! Vou pedir pra ele fazer um post especial sobre a provincianidade dessa gente para que ele possa nos iluminar com a verdade, haha! Já a minha impressao da Europa é das melhores. Lugares legais, com gente de todo tipo....preta, índia, bonitos e feios. Nem melhor nem pior. Assim como existe isso nos EUA, na América Latina e em outros muitos países desse mundao...

É isso... hoje o post foi desabafo. Fiquei com essa história entalada na garganta. Como eu disse, me irrito muito com certas ignorancias...e nem sei explicar porque.

A boa notícia é que...acho que estou me conformando com a vida proletária...e olha que nem tem nada a ver com dinheiro hein. Só com conformismo mesmo e a mentalidade do what you have to do. Mas isso é assunto pra outro post...

segunda-feira, 21 de março de 2011

A Crise do Proletariado Educado

A mudança de trabalho, somada ao fato de que recebi visita por uns dias, atrasou minha volta à este espaço. Gosto de escrever, mas tem que ter clima. E a verdade é que quando voce passa o dia na frente de dois computadores e depois chega em casa e tem que fazer a social com a visita - que sim, é muito gente boa - no fim da noite já nao sobra muita inspiraçao. Portanto...vamos ao resumo do que passou desde o dia 3 de Março, o dia em que comecei a trabalhar na Oracle.

O primeiro dia foi num hotel. Eles chamam isso de induçao. Eu fiquei brincando, dizendo que era a abduçao. Na verdade tudo parecia um mix de primeiro dia de colégio militar dentro de um cenário aonde os personagens foram tirados da série Big Bang Theory. De 30 pessoas que eu contei, só 4 eram mulheres. Duas delas técnicas...ou seja, nerds e nao muito bonitas - pra nao esculachar e dizer que eram bem feiosas. As outras duas... eu a secretária éramos as outras...e, neste contexto, me senti bem bonita e gostosa. Foi meio entendiante, mas era parte do jogo.

Em vez de encher o texto de mera descriçao dos acontecimentos, vou partir logo pra dizer o que aconteceu, emocionalmente falando, nestas duas últimas semanas. Porque afinal os fatos sao como sao...e o que fica é como voce se sente/sentiu a respeito.

O clima e as pessoas da Oracle me pareceram ótimos desde o primeiro minuto. O problema era/tem sido o que se passa dentro da minha cabeça. De repente, ao encarar a realidade do que consiste este trabalho, eu comecei a me questionar. Teria eu perdido tempo nos últimos 6 anos que gastei estudando política internacional, teorias e coisas do tipo para terminar trabalhando numa empresa multinacional de tecnologia de informaçao? Uma empresa que, honestamente, nao se interessa pelo debate teórico neo-neo, ou mesmo com as consequencias do atual desmantelamento das estruturas políticas do Oriente Médio. Eu passei um tempao tentando decrifrar tudo isso pra terminar sentada num cubículo tentando entender problemas técnicos e ajudar clientes? Confesso, bateu um desespero.

Mas a pergunta principal e óbvia: por que eu mudei entao? A resposta, também óbvia: porque me pagam o dobro! E supostamente, numa empresa desse tamanho, existem melhores chances de crescer profissionalmente. Eu poderia ter continuado tranquila fichando bandidos fraudulentos... mas o dinheiro da Oracle paga alguns dos meu luxos, como uma academia fina e personal trainer. Com esse dinheiro eu posso, finalmente, ser independente e nao ter que gastar mais nenhum centavinho que nao fui eu que ganhei. E além de pagar minhas contas e meus luxos, eu posso "me dar o luxo" de investir em açoes da própria empresa, que compro com desconto.

E assim, racionalizando, passei a primeira semana. Fiz uma retrospectiva das grandes mudanças da minha vida. Sempre sofro no começo. Mas sei que nao é porque sou fraca - apesar de sempre achar que poderia ser mais forte. Dizem que mudança de emprego, assim como um divórcio ou uma casa, estao no topo da lista de geradores de maior estresse. Dentre essas opçoes, fico com a primeira. Melhor assim que um divórcio.

Claro que sentir-se um peão nao era algo com que eu estivesse acostumada. Além de toda a burocracia. Numa empresa com mais de 100 mil funcionários é lógico que as coisas devem seguir passos pré-definidos. Mesmo que estes passos signifiquem uma espera longa e, como dito, uma tremenda burocracia. Precisa de um mouse novo? Ah, entra no portal e pede um. Seu gerente aprova... tudo passa por um processo até chegar na Dell nos EUA e de lá eles te mandam seu mouse. Coisa similar com senhas e acessos aos milhoes de sistema que eu ainda nao sei bem para que funcionam, mas sei que preciso poder ter acesso a eles. Bem vinda ao mundo Oracle, com todos os seus portais, processos, senhas e nomes de usuário. Bem vinda ao mundo proletário. De agora pra frente é acordar de manha, ir para a fábrica, apertar parafusos - porque sim, o trabalho é bem mecanico - e depois sair de lá, repetindo para si mesma, como um mantra, que vale a pena porque no fim do mes eu poderei olhar para a minha conta e sorrir sem muitas preocupaçoes. Será? Bem vinda a alienaçao e ao emburrecimento que a vida proletária inevitavelmente nos conduz.

Talvez eu esteja fazendo muito drama. Fruto de todas essas reaçoes causadas pela mudança. O Sr. Bobinho nao esteve disponível para ouvir meus lamentos. Ele tem estado preocupado com suas próprias coisas.... graças a Deus por Dona Let e Pedrinho, que estiveram disponíveis pelo Gtalk.

Imagino que o Sr. Marx, quem eu já tanto critiquei/critico e praguejei, teria uma pontinha de orgulho de mim. Eu finalmente entendi o que significa a alienaçao do proletariado. E sim, meus amigos, eu sofro com isso. Eu sofro porque nos últimos tempos eu quis construir parte da minha identidade basada nessa história de que eu, dona Ylana, era/sou uma intelectual. Que a parte mais fantástica do meu corpo nao é minha bunda (LOL) e sim meu cérebro. E agora assim, por dinheiro, eu chuto o balde e mando o cérebro descansar. Já nao preciso muito dele. E por isso o momento de despero aonde me pergunto/perguntei: e agora, quem sou eu?


Como eu disse ali em cima, talvez eu esteja fazendo muito drama. Melhor aceitar o que disse a Lais: "fica quieta, voce tá ganhando bem". Essa é a vida adulta....e a vida adulta, no meu caso, é proletária.

Espero, sinceramente, que o dinheiro que devo receber daqui uns poucos dias, ajude a acalmar essas inquietudes tao incomodas. O dinheiro, eu sei, nao vai comprar minha felicidade. Mas vai pagar os restaurantes que eu quero ir, a academia phyna e o personal trainer, futuras férias na Europa e no Caribe, e... muito provavelmente vai acabar pagando a terapia também.

Enquanto isso eu me contento lendo livros...e pensando que assim eu mantenho algo que ainda me resta de intelectualidade. Como se isso fosse grande coisa...

quarta-feira, 2 de março de 2011

Entre-os-Lugares

Amo observar as montanhas no fim do dia. Deitada em minha cama volto meus olhos para a janela e ae está o Cerro Plomo com seus quase 5 mil metros de altura. Nao importa a época do ano, tem sempre neve lá em cima. Muita ou pouca, está sempre lá. As cores desse sol de verao, num fim de tarde normal e corrente, fazem com que a vista do Plomo seja quase mística...nao importa quantas vezes eu olhe. E nessa tarde que de repente se tornou melancólica, eu jogo minha mirada, mais uma vez, a esta cena... e respiro fundo.

Uma semana de férias, uma semana de Brasil. Uma semana de entre-lugares, que é aquele nome complicado pra dizer que voce já nao se sente bem em lugar nenhum. Que sempre falta alguma coisa. Faltam os amigos, falta a família, falta aquela comida. E se estes nao faltam, o que falta é a organizaçao, as ruas largas, as montanhas e a "normalidade" que agora é sinonimo da capital de um país. Nunca está completo. Sempre falta. 

Nessa semana de Brasil li uma frase fantástica. Pena que esqueci o autor. Era algo mais ou menos assim: "Na vida existem dois horizontes: o da saudade, das coisas que já foram; e o da esperança, das coisas que ainda estao por vir". O conteúdo da frase expressa esse entre-lugares vivido por cada imigrante e, de alguma forma, por cada ser humano também. Estamos sempre entre um e outro. E sempre falta. Um pouquinho de breguice e eu poderia completar o parágrafo dizendo que essa "falta" é "plano de Deus" e por isso necessitamos das pessoas e zzzzzzzzzzzzzz.... mas nao estou para breguices nem pensamentos fáceis hoje.

O sol vai deixando a cidade...e as cores da montanha mudam. De rosa intenso a rosa claro...a um acinzentado. A melancolia aumenta. O espaço que nao será mais nunca preenchido também. E já que estamos em lugar nenhum, já que estamos entre um ou outro, o jeito é inventar maneiras de achar que a coisa nao é bem assim. Que venham as horas extras do trabalho, que venham as aulas com o personal trainer, que venham mais responsabilidades, que venham os filmes ganhadores e perdedores do Oscar, que venham as reprises de Friends... 

Amanha as 8.30am começa outra jornada....

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Como Mandar Tudo pro Inferno em 15 minutos...

Disclaimer:
Este post nao serà escrito desde o meu computador...por lo tanto, aviso que a pontuacao e ortografia està zuada.
OK, vamos là...



Imagina que è um lindo sàbado de manha. O sol brilha là fora e seu quarto jà està um forno, fazendo que a cama nao seja mais algo confortàvel e aconchegante. Voce levanta pilhada, come um yogurte ràpido, revisa os email. Coloca short, top, blusa especial me malhar e tenis. Enche a garrafinha de àgua e vai feliz para a academia.

Là voce faz aula de Body Pump, aonde para cada mùsica existe uma rotina de repeticoes para um grupo muscular. Voce ama essa aula e, depois de pegar muito peso, suar e sofrer, sai feliz. Pronta para tomar um banho, sim? Naaao. Por que? Porque o dia està sò comecanco.
Depois de uma aula de Pump è hora de se juntar com a Carlita, amiga do trabalho que comprou uma promocao (desses de site de coupon) para uma aula de Kagoroo Jump....que è parecida com uma aula de Body Jump, mas em vez de trampolim, voce veste uma bota com um apoio abaixo, que te ajuda a pular. Como tà na foto. Calcando este aparato, o professor pula - e te faz pular - de diferentes maneiras durante quase uma hora. As pernas trabalham de maneira intensa e a combinacao de suor, cansaco e cara vermelha te faz sentir maravilhosamente bem. Estranho como algumas maluquices te fazem sentir bem. Uns se auto torturam... outros passam horas fazendo a mesma coisa na frente da televisao, tudo pra dizer que "zerou" um jogo. Vai entender...

E se essas duas aulas nao bastassem, o namorado, que ficou o dia inteiro estudando e quer fazer algum tipo de exercicio, te liga convidando pra um jogo de racquetbol. "Sim, claro! Deixa que eu ligo e reservo a quadra". Òbvio que sò depois de responder no impulso que eu percebi que talvez as pernas sofririam um pouco. Mas, too late...melhor ir jogar. E, se eu perdesse, pelo menos teria uma boa desculpa. E là fomos nòs... 

Jogo jogado, partida ganha... e claro, trauma da semana anterior superado - quando eu mandei a pròpria raquete na boca e doeu tanto que achei que tinha perdido os dentes. Fim do dia. A fome bateu. A indecisao sobre aonde ir tambèm. Às vèsperas de viajar pro Brasil nenhum dos dois parece muito disposto a gastar muito dinheiro. Entao... eis que surge a solucao ràpida e barata...e que ao mesmo tempo mandou todo o esforco do dia por inferno...em 15 minutos.




terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Insanidades Modernas y Urbanas - e também necessárias!

Uma das coisas que eu acho meio insanas é academia. E olha que nem me à cultura de academia - gente bombada ou gostosa malhando na frente do espelho e se achando. Neste minuto, quando eu digo que academia é insana, quero dizer o lugar - físico - é uma coisa meio bizarra. Imagine... um monte de gente reunida em um espaco, geralmente olhando alguma coisa (muda) na televisao ou ouvindo música. Essas pessoas nao interagem, apesar de muitas vezes terem - e claro, exibirem - atributos bastante facilitadores da interacao humana, como um corpo bonito. Enquanto olham TV ou escutam música - do ambiente ou do próprio iPod - essas mesmas criaturas sentem um imenso prazer em submeter seus corpos ao esforco, que pode ser causado por levantar peso ou simplesmente forcar os pulmoes e o coracao a trabalharem bem mais. Se algum deles encher o saco desse ambiente, muitas academias oferecem aulas onde, com música e algum(a) professor(a) bizarramente animado vai gritar e ensinar como eles, alunos, poderao se forcar seus corpos a suarem de maneira uniforme - por isso é uma aula em grupo, para que todos facam tudo igual. Estranha semelhanca com um quartel, mas que nem sempre as pessoas notam. No fim de tudo isso todos se aplaudem - mentalmente ou nao, respiram fundo, sorriem - mentalmente ou nao, e continuam suas vidinhas, sentindo-se estranhamente satisfeitos e realizados.

Convenhamos, é bizarro.

Eu nao sei a história das academias, como surgiram, aonde nem porque. Mas imagino que tenha a ver com a modernidade. Numa vida de antigamente o sonho de todo proletário era chegar em casa no fim do dia e descansar, de preferencia fazendo nada que envolvesse esforco físico. Mas o mundo continuou evoluindo, junto com a tecnologia...e as mulheres foram trabalhar. As pessoas passaram a ganhar dinheiro/sustento passando o dia sentado na frente de um computador, lidando com problemas que já nao envolviam caçar, nem limpar, nem construir. Também passaram a caminhar menos e...ae começaram a sentir um cansaço, algo estranho que as vezes vem como uma espécie de raiva e falta de vontade viver...difícil de descrever bem....e chamaram isso de STRESS - ou estresse, em portugues.

Ok, o parágrafo acima simplifica muito todo o fenomeno da evolucao tecnologica e como afeta nossa vida. Mas a idéia é simples. Com novos conceitos, vem novas reacoes. E como o mundo passou a valorizar pessoas de corpo perfeito - simétricas e músculos perfeitamente divididos - as academias se fizeram nao somente necessárias, mas essenciais. Em algumas culturas mais que outras.

O fato é que, no ocidente, uma grande proporcao de adultos gasta uma quantidade incrível de dinheiro em medidas para reduzir o stress e cuidar do corpo, seja por vaidade ou saúde. Uma das mais populares é se inscrever numa academia. Eu, adulta e proletária - portanto dentro do grupo de risco - resolvi que este ano voltaria a fazer parte deste grupo de insanos.

Por que? Simples. Porque jogar futebol e raquetbol uma vez por semana já nao é suficiente para dar a injecao de endorfina - e reduzir o stress - que eu preciso. Nem gastar o número ideal de calorias. Porque eu gosto de submeter minhas banhas à tortura de levantamento de pesos enquanto ouco música. Porque simplesmente é mais fácil ir pra academia no inverno do que encarar o frio e sair pra correr no parque. E hoje eu entendi e me assumi urbana.

No meu caso, pelo menos...acho mais fácil correr numa esteira do que no parque. Na esteira eu controlo a velocidade, meus batimentos cardíacos a o número de calorias perdidas. Ali também, nao sei porque, minhas narinas nao dóem e eu prefiro ouvir a Lady Gaga e assistir Friends do que ter que desviar de gente enquanto olho no chao cuidando para nao pisar em nada indesejado. Fora ter que encarar o olhar orgulhoso de quem corre há mais tempo e melhor do que voce. Na academia pelo menos ninguém tem que se encarar se nao quiser. Se eu nao quiser nada disso, posso ir a alguma aula aonde algum professor que nao ganha tao bem assim e tem um corpo bem malhado vai estar à frente, ensinando os movimentos que devo fazer e gritando bem alto para motivar a todos nós, pessoas que precisam/querem queimar calorias. E, se eu estiver disposta a pagar um pouco mais, posso ter alguém só pra mim - personal trainer - falando que estou indo bem e...me forçando a fazer aquele abdominal extra.

Como eu disse, coisas da modernidade urbana....

Mesmo assim...mesmo sendo insano imaginar um monte de gente correndo em cima de uma máquina ao mesmo tempo que olham para alguma parede e ignoram-se mutuamente, o negócio é eficiente. E... se nao é possível fugir ao "grupo de risco"- a.ka. vida proletária - o jeito é arrumar uma maneira de gastar as energias estressante acumuladas durante o dia e, claro, queimar as calorias que tendem a acumular-se. Bem vindos à academia....bem vindos à insanidade.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

A Bencao da Apatia

Outro dia, logo de anunciar minha saída oficial da World-Check (atual emprego), conversava com uma amiga sobre minhas impressoes gerais dessa experiencia. Eu lhe disse que umas das coisas que mais tive dificuldade foi em aprender a nao me envolver com os casos em que trabalhava. No comeco, na intensidade e paixao de que me é própria, eu entrava em cada projeto com a sede de quem teria passado dias no deserto. Era muita vontade de aprender, de entender tudo, de achar logo o vilao da história e...como era de se esperar, eu me perdia no caminho. E isso me fez errar muitas vezes, claro. Por isso eu explicava à Carla que o segredo do meu sucesso foi a apatia. No minuto que eu aprendi a me importar menos com as vítimas, ou simplesmente ver o movimentos políticos dos "meus" países como algo do dia a dia, a coisa ficou fácil, simples e...de certa forma monótona. no dia que eu deixei de pensar que minha análise macro de todos os casos era importante, virei uma proletaria eficiente e produtiva. ...Meio deprimente, nao?

Hoje essa idea voltou a aparecer. A idea de que ser apático às situacoes ou coisas pode trazer benefícios. Para mim isso é interessante pois em geral sou o total oposto de apática. Sim, o tipo de pessoa que passa a vida tentando nao ser 8 ou 80, uma vez que esta parece ser minha condicao natural. Nao se importar, dar de ombros... quantas vezes nao admirei as pessoas que sabem ser assim!

Voltei a pensar nisso hoje porque me veio à mente a imagem dessas pessoas que transformam o próprio trabalho como parte tao importante da vida que...nao se desvinculam. Ok, longe de mim dizer coisas como, "a gente tem que aprender a separar as coisas" porque sejamos honestos, é quase impossível. Se alguém anda preocupado com a saúde de algum parente ou brigou com a pessoa amada na noite anterior, é muito difícil enfiar a cabeca no trabalho e nao deixar que isso afete o humor. Ou vice-versa. Pergunte à Dona Let como é difícil nao misturar essas duas esferas. Enfim, o fato é que...pessoas que se jogam na vida laboral e se sentem imensamente realizadas - ou o contrário - com o que fazem, deveriam pensar na bencao da apatia. Nao falo de ser um trabalhador preguicoso ou desmotivado...mas também nao vejo porque ser a primeira a chegar e a última a sair - caso eu nao seja a dona do negócio, claro.

Talvez a vida proletária me tenha transformado em uma criatura apática e desinteressada... mas certamente mais tranquila. Alguém que já nao sonha mais com bombas explodindo na Colombia, ou com arquivos infinitos de nomes de criminosos. Talvez essa seja só uma reflexao barata de final de dia ao som da música Despedida da Julieta Venegas, que sempre me faz pensar em mil coisas. Ou talvez eu tenha mesmo razao... que a apatia é uma verdadeira bencao!

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Cartao Vermelho Pra Voce!

Voce passa o dia pensando na ocasiao. Se prepara, antecipa. Veste a roupa com gosto e até aperta os sapatos de maneira especial. Já no campo voce sente a grana tocando a trava da chuteira... uma delícia. E o jogo comeca.

O jogo comeca e voce tá no banco...por opcao. Talvez deveria ter ficado, pois sabia que o time adversário nao jogava limpo. Mas insistiu e entrou. Afinal o time precisava de uma "alta" pra marcar a outra alta. Nao que voce seja alta, mas no contexto deste país esta é precisamente a situacao.

Bola pra cá, bola pra cá. A atacante se mexe e voce atrás. Ela quer espaco e seu trabalho é justamente impedir que isso aconteca. E por isso voces se encostam. É verdade, voce acha isso nojentinho, mas deixa passar pois sabe que é parte do jogo. A atacante, frustrada de nao conseguir espaco, reclama. E voce fala baixinho, olhando pra ela com cara de cínica, "shut up"

Menos de cinco minutos e jogo e, numa dessas de marcar de perto, voce faz falta na tal atacante que nessas alturas já tinha te irritido. A falta nao foi séria. Coisa normal de jogo. Voce nem discutiu. Mas ae a coisa mudou... por que? Porque o juiz - típico chileno baixinho - veio tirando o cartao amarelo do bolso. Fala sério!! Sim, foi falta e voce nao nega...mas...cartao amarelo? Nao! Isso nao tá certo. E o tal do árbitro chega perto, com ar de autoridade, com o cartaozinho na mao quando voce o encara sem o menor medo e diz: "you're fucking kidding me!". Isso mesmo, em ingles. Saiu assim, em ingles, sem querer... foi o idioma que expressava sua des-crenca na situacao. O mesmo árbitro, que provavelmente de toda a frase só entendeu a palavra fuck, deve ter se sentido ameacado. Como uma estrangeira branquela ousaria a encarar ele, um homem, reclamar da sua arbitragem e ainda falar um palavrao? Absurdo! CARTAO VERMELHO PRA VOCE!
 
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